Mário Psicólogo

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Tudo que você precisa saber sobre a ansiedade:

O Brasil tem a população mais ansiosa do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e mesmo com o índice sendo gigante, as pessoas que sofrem deste mal são alvo de preconceitos, tanto profissionais quanto pacientes precisam.

Publicado em 23 set 2023

A ansiedade é uma condição subnotificada:

É importante lembrar que a ansiedade é uma condição de saúde mental subnotificada e muitas pessoas podem não ter um diagnóstico formal ou não buscar tratamento. Portanto, os dados podem não refletir a realidade completa da ansiedade no país e no mundo.

A ansiedade é um problema de saúde mental comum em todo o mundo e tem aumentado nos últimos anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade é a sexta causa mais comum de incapacidade em todo o mundo. 

No Brasil, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que 9,3% dos brasileiros (ou cerca de 18,6 milhões de pessoas) relataram ter tido diagnóstico médico de transtorno de ansiedade. 

O estudo também apontou que as mulheres são mais afetadas do que os homens (11,3% versus 7,3%). 

Outra pesquisa realizada em 2021 pela Vittude, startup de saúde mental, revelou que 75% dos brasileiros relataram sentir mais ansiedade durante a pandemia da COVID-19. 

A nível mundial, dados da OMS mostram que a ansiedade afeta cerca de 284 milhões de pessoas em todo o mundo. O relatório também aponta que a ansiedade é mais comum em mulheres do que em homens. Vale lembrar que esses dados são uma estimativa e que a ansiedade é uma condição de saúde mental subnotificada, ou seja, muitas pessoas podem não ter um diagnóstico formal ou não buscar tratamento. 

Ela mudou muito no período pré e pós pandemia como mostra o quadro abaixo:

Entendendo melhor a ansiedade

O que é ansiedade:

A ansiedade é uma reação natural do nosso corpo, vem quando temos uma expectativa apreensiva com relação ao que está por vir. Funciona como um mecanismo de sobrevivência para lidar com as situações de perigo. Ela “funciona para proteger o indivíduo”.

Como funciona?

Disparando o sistema de “luta e fuga” (que também é presente em outros seres vivos), nos preparando para uma situação de perigo. Então funciona assim: toda vez que você fica ansioso, seu organismo libera um hormônio chamado “cortisol”, que é produzido na glândula suprarrenal, esse hormônio importante, faz o cérebro entende que estamos sob ameaça e dispara o mecanismo de luta ou fuga, então com isso nossos corpo muda fisiologicamente para lidar com essa situação “de perigo”, suamos as mãos, aumenta a oxigenação dos membros, a pupila dilata, então no geral o corpo se adapta pra lugar ou fugir.

Portanto quando estamos ansiosos, o cérebro entende que estamos sob ameaça. Ele aumenta o cortisol, que aumenta a glicose sanguínea. A glicose sanguínea é o combustível que faz com que nós possamos andar, falar ou até fugir e lutar numa situação difícil, portanto o mecanismo nos ajuda nos movimentar tanto para a fuga ou a luta. Então o cortisol é uma coisa boa. Mas, com MUITA moderação.

O que acontece se eu não tratar a ansiedade?

Essa mudança cansa o corpo e a mente, e prejudica se disparado muitas vezes no indivíduo. Pois Esse mecanismo, quando é acionado repetidamente, prejudica o sistema imunológico e aumenta a morte celular, principalmente de neurônios, cada vez que você se estressa, você perde neurônios.

Estresse a longo prazo gera depressão, queda de cabelo, alergias e infecções frequentes, portanto a importância do acompanhamento adequado.

Porque interpretamos perigo?

A interpretação de que algo oferece perigo, na maioria das vezes está equivocada, tendo em vista que nossa sociedade atual não oferece os mesmos perigos existentes a milhares de anos atrás, então podemos ficar extremamente ansiosos, de forma desproporcional ao risco envolvido, então todos experimentamos a ansiedade em algum momento do dia. Como exemplo, situações nas quais precisamos falar em público, em entrevistas de emprego ou quando esperamos por uma notícia. Então essa interpretação de perigo vem das nossas aprendizagens, crenças pensamentos e das situações que já vivemos.

A ansiedade não é totalmente ruim, tendo em vista que ela nos garantiu a sobrevivência e ate certo ponto nos ajuda a nos organizar previamente, porem se a mesma não é cuidado é usada em pequenas doses, a ansiedade traz grandes prejuízos para o indivíduo e as pessoas em volta. E pode se tornar uma das diversas psicopatologias da ansiedade.

Sintomas

Geralmente os sintomas físicos da ansiedade são os que mais assustam e que despertam a atenção e o medo das pessoas para buscar por tratamento. Mas a ansiedade afeta o nosso corpo, mente e desempenho de várias formas:

Sintomas emocionais: tristeza, nervosismo, irritabilidade, mudanças de humor.

Sintomas fisiológicos: coração acelerado, sensação de formigamento, falta de ar, sudorese, tontura, dor de cabeça, dores musculares, insônia, vomito, diarreia, pupila dilatada.

Sintomas comportamentais: impulsividade, agressividade, fala acelerada, inquietação.

Sintomas cognitivos: dificuldade de concentração e tomada de decisão, preocupações excessivas.

Pessoas ansiosas são muito preocupadas também. Conforme os sintomas físicos vão aumentando, o psicológico entra em estado de alerta e tensão (hiper vigilância). Nessa hora, o fluxo de pensamentos é bem maior e o conteúdo desses pensamentos é sempre negativo. A ansiedade afeta, portanto, o comportamento da pessoa, podendo a tornar evitativa, insegura, com dificuldade de concentração, problemas de sono e outros.

Causas da ansiedade

Existem várias teorias e até mesmo crenças sobre onde e como surgiu a ansiedade todas levam em conta a Predisposição genética, fatores ambientais e até mesmo histórico familiar, mas são centenas de possibilidades da origem. Apesar de não ser a mesma causa para todas as pessoas, alguns fatores são bem comuns: 

Fatores do ambiente do indivíduo, como pressão no trabalho e situações familiares, de relacionamentos, ou amigos, que podem gerar uma preocupação constante a ponto de evoluir de uma ansiedade comum e natural para um quadro mais sério de transtorno.

Fatores emocionais gerados por pensamentos disfuncionais, situações, juntamente com crenças limitantes que são adquiridas durante a vida.

Porém é importante sabermos que cada indivíduo é único, tem suas experiências, vivencias e gatilhos, isso nos leva à conclusão que não podemos generalizar ou então colocar em uma caixa todas as ansiedades de todas as pessoas, é importante a terapia e a investigação individual de cada pessoa, para entender melhor o que gerou e mantem a ansiedade de cada indivíduo.

Diferentes transtornos (e tipos) de ansiedade:

Há vários tipos de Ansiedade, sendo que o medo a preocupação e os pensamentos negativos são características de todos eles. Por isso, importa perceber as diferenças das características e das manifestações dos diferentes tipos de Ansiedade, para um tratamento adequado.

Ansiedade Generalizada ou Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

Neste tipo de Ansiedade, as pessoas têm medo excessivo de falhar nos seus desempenhos e tarefas, preocupam-se demais com o que os outros pensam e nas suas avaliações. A pessoa não consegue relaxar, pois apresenta preocupação excessiva com a vida e em relação a tudo que envolve sua rotina: estudos, vida profissional, condições de saúde e segurança dos amigos e familiares. Esse quadro costuma resultar em sintomas emocionais que geram problemas como enxaquecas constantes, úlceras estomacais, indisposição mental e física, irritabilidade, insônia crônica e tensão muscular.

Síndrome do pânico ou Ataques de Pânico

Este é um distúrbio da Ansiedade, em que as pessoas sentem medos tão intensos, que acreditam poder morrer por excesso de ansiedade vivida em determinadas circunstâncias. A pessoa não reconhece necessariamente que é ansiedade e pode procurar o médico acreditando ser algo fisiológico apenas.

Essa síndrome pode ser desencadeada por diferentes fatores, mas geralmente ocorre sem nenhum motivo aparente. Os sintomas são muito intensos e afetam o funcionamento dos órgãos do corpo. Os sinais mais comuns durante o pânico são falta de ar, batimentos cardíacos acelerados, tonturas, dores torácicas e sensação de que a morte se aproxima.

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou Perturbação Obsessiva Compulsiva

Ansiedade caracterizada por pensamentos perturbadores e constantes, na maioria das vezes, pensamentos irreais acompanhados de rituais servem para aliviar o estado de ansiedade vivido. É associado também a ações repetidas, rituais compulsivos e situações marcadas por ideias obsessivas. Geralmente, os pacientes com esse perfil têm consciência de que esse comportamento não faz sentido, mas não conseguem evitar esses pensamentos que levam a posturas prejudiciais à saúde mental.

Timidez e Fobia Social​

A fobia social é caracterizada pelo medo intenso,um pânico inexplicável de estar junto a multidões ou têm pavor de situações sociais. Medo de conviver e de se expor a outras pessoas. As pessoas ficam inibidas com medo, tremem se sentem mal quando são confrontados e estão na presença de outros.

Fobias e Medos

Ansiedade muito intensa quando se está perante situações que na realidade não representam perigo real (mas pode vim depois de uma situação de perigo real), como com animais ou outros objetos ou situações.

Insônias

Dificuldade em dormir um sono reparador de forma continuada como consequência de estados de ansiedade.

Burnout

Esgotamento físico e psicológico motivado por stress intenso e continuado. Estes estados são na sua maioria vistos em ambientes de trabalho e de estudo.

Ansiedade por estresse pós-traumático

As crises de ansiedades relacionadas ao estresse pós-traumático resultam da ocorrência de flashbacks e pesadelos que geraram um evento traumático no passado. Se a situação não for resolvida ou a pessoa não receber um tratamento eficiente, ela pode passar a vida toda revivendo esses episódios e sofrendo como se o fato ocorresse novamente.

Tratamentos para ansiedade:

O tratamento da ansiedade envolve terapia psicológica e, em alguns casos, medicação. A terapia cognitivo-comportamental é uma das abordagens mais eficazes para tratar transtornos de ansiedade. Ela se concentra em mudar os padrões de pensamento e comportamento que contribuem para a ansiedade. 

Os medicamentos mais comuns para tratar a ansiedade são os antidepressivos e os ansiolíticos. Eles ajudam a reduzir os sintomas de ansiedade, mas podem ter efeitos colaterais e não devem ser usados ​​sem supervisão médica. Além disso, 

algumas práticas de autocuidado podem ajudar a gerenciar a ansiedade, como a prática regular de exercícios físicos, meditação, respiração profunda, redução do consumo de cafeína e álcool, alimentação saudável e sono adequado. É importante ressaltar que a ansiedade é uma condição comum e tratável.

Remédios e Terapia combinada

Existem vários tipos de medicamentos que são usados ​​no tratamento da ansiedade, e cada um funciona de uma maneira diferente. No geral, os medicamentos para ansiedade afetam a química do cérebro para ajudar a reduzir os sintomas de ansiedade. 

Os medicamentos mais comuns para a ansiedade são os antidepressivos, que atuam no sistema serotoninérgico e/ou noradrenérgico do cérebro, aumentando os níveis de neurotransmissores como a serotonina ou a noradrenalina. Isso pode ajudar a estabilizar o humor e reduzir a ansiedade ao longo do tempo. 

Outra classe de medicamentos usados ​​no tratamento da ansiedade são os benzodiazepínicos, que atuam no sistema GABAérgico do cérebro, aumentando a atividade do neurotransmissor GABA, que é responsável por reduzir a atividade elétrica das células cerebrais. Isso pode ajudar a acalmar a ansiedade em curto prazo, mas esses medicamentos têm o potencial de causar dependência e outros efeitos colaterais.

 Os beta-bloqueadores são outra classe de medicamentos que podem ser usados ​​para reduzir os sintomas físicos da ansiedade, como palpitações cardíacas, tremores e sudorese. Esses medicamentos funcionam bloqueando a ação do hormônio adrenalina, que é liberado durante a resposta de luta ou fuga do corpo. 

É importante lembrar que os medicamentos para ansiedade devem ser prescritos e monitorados por um médico, que pode avaliar a necessidade e a eficácia do tratamento para cada indivíduo. 

Além disso, é importante combinar o tratamento medicamentoso com outras terapias, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para ajudar a tratar a ansiedade de forma mais abrangente.

Os medicamentos psiquiátricos demoram cerca de 2/3 semanas para começar a fazerem o efeito desejável, portanto esperar o tempo necessário é muito importante, e também não pode-se interromper o medicamento sem o acompanhamento adequado e fazer o processo de “desmame”

Os medicamentos também não resolvem sozinho os problemas dos pacientes, eles auxiliam nos sintomas físicos , mas como dito em cima existem varias causas que precisam ser investigadas e tratadas, portanto os medicamentos lidam com o biológico, e não com os padrões de pensamentos e crenças disfuncionais.

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Como as sessões de Psicoterapia podem ajudar nesse caso?

Pela perspectiva da TCC a terapia concentra em ajudar as pessoas com ansiedade a identificar e mudar padrões de pensamento e comportamento que podem estar contribuindo para a ansiedade, ajudando a pessoa a reconhecer e mudar padrões de pensamento negativos e distorcidos que podem estar contribuindo para a ansiedade.

 Por exemplo, uma pessoa com ansiedade social pode ter pensamentos negativos, como “eu sou chato” ou “as pessoas vão me julgar”, que podem levar a sentimentos de ansiedade. A TCC ajudaria essa pessoa a identificar esses pensamentos negativos e distorcidos e a trabalhar para substituí-los por pensamentos mais realistas e positivos.

 Além disso, a TCC também se concentra em ajudar as pessoas a aprenderem habilidades de enfrentamento para lidar com a ansiedade de maneira mais eficaz. Isso pode incluir aprender técnicas de relaxamento, como a respiração profunda e a meditação, ou aprender a lidar com situações estressantes de maneira mais eficaz.

 A TCC pode ser realizada individualmente ou em grupo levando em consideração tudo que falamos até aqui. Mudança de pensamento, contexto, entendimento, crenças, causas.

E se eu tenho ansiedade?

Se você lendo todo esse artigo identificou que você pode ser uma pessoa ansiosa ou que está passando por um período mais ansioso, recomendo fortemente o inicio da psicoterapia, de preferencia na abordagem cognitivo comportamental, entre em contato comigo e iniciamos esse processo!

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